Dor na barriga, gases e diarreia. Poderia ser um mal-estar passageiro, uma gastroenterite viral, uma intoxicação alimentar. Mas muitas pessoas experimentam os sintomas cada vez que ingerem algum produto lácteo. E aí recebem o diagnóstico: intolerância à lactose. A doença, real, tem se tornado tão frequente que parece ter virado moda. No Brasil, a estimativa é de que metade da população sofra com o problema.
Será que todos esses brasileiros foram tomados por uma onda de modismo? A explicação vai além. De fato, “não se nasce intolerante — torna-se”, como diria Simone de Beauvoir. É claro que a filósofa francesa se referia a questões muito mais profundas que a intolerância à lactose, mas a frase se aplica perfeitamente à doença. É que, com a idade, a nossa capacidade de absorver esse açúcar presente no leite e seus derivados só diminui.
Vale ressaltar, porém, que a intolerância à lactose é diferente da alergia à proteína do leite, doença muito mais rara e que exige cuidados diferentes.
Como saber se uma pessoa tem intolerância à lactose
Os sintomas de intolerância à lactose geralmente começam de meia hora a duas horas depois da ingestão de alimentos ou bebidas que tenham lactose. Os principais sinais são diarreia, náusea e às vezes vômitos, dores abdominais e inchaço. Existem três tipos de intolerância à lactose:
Primária, resultado do envelhecimento. É o tipo mais comum e ocorre porque, na medida em que a dieta varia, o corpo diminui a quantidade de lactase produzida. Com o tempo, isso pode levar à intolerância à lactose e, pelo mesmo motivo, existem diferentes níveis de intolerância: uma pessoa pode ser mais sensível a alguns alimentos que outros, por exemplo.
Secundária, causada por alguma doença ou ferimento.
E congênita, quando a pessoa nasce com o problema.
A intensidade dos sintomas pode variar de acordo com o grupo de alimento ingerido e com a presença de lactose neles. Conheça os principais:
No grupo 1, estão os alimentos com alto teor de lactose (de 5% a 50%) e nele estão o leite de vaca, leite em pó, leite condensado, sorvetes a base de leite e queijo ricota.
No grupo 2, estão os alimentos com teor intermediário de lactose (2% a 3%), entre eles iogurte e coalhada caseira.
No grupo 3 estão os com baixo de teor de lactose (de 0,01% a 2%), como queijo minas, mussarela, prato, parmesão e manteiga. Em geral, pessoas com intolerância leve podem consumir esses alimentos sem grandes problemas.
Como funciona o diagnóstico de intolerância à lactose
Para ter certeza de que a causa dos sintomas é realmente intolerância à lactose, existem alguns exames que podem ser feitos, são eles:
Exame de tolerância à lactose, no qual o paciente ingere um líquido rico em lactose e, em seguida, realiza exames de sangue para verificar a quantidade de glucose.
Exame de hidrogênio expirado, no qual o paciente também ingere um líquido rico em lactose, mas o médico analisa a quantidade de hidrogênio no hálito da pessoa.
E medidor de ácidos, visto que a lactose não digerida produz ácido lático no organismo, que pode ser identificado com um medidor de ácidos.
O tratamento para intolerância à lactose
Não existe um tratamento contínuo ou uma cura para a intolerância à lactose. O recomendado é que o paciente evite ingerir produtos que contenham lactose ou tomem a enzima lactase, responsável por digeri-la, em formas de cápsulas ou comprimidos mastigáveis antes de consumir produtos lácteos.
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